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Neto confessou que matou a avó por causa do Benfica
O Ministério Público pediu ontem ao Tribunal de Benavente uma condenação "exemplar" para o neto que matou a avó, no dia 5 de Novembro de 2006, com uma faca de cozinha e escondeu o corpo da idosa na arrecadação junto à casa onde viviam, em Samora Correia (Benavente), durante oito dias. Carlos Coelho, de 32 anos, responde pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver, podendo incorrer numa pena de prisão que pode atingir os 25 anos.
Na única sessão do julgamento, o arguido assumiu o assassínio de Hermínia Martinho, com 74 anos, perante a recusa daquela em lhe dar dinheiro para comprar cerveja, que Carlos pretendia beber enquanto assistia a um jogo do Benfica, no café da vila. A sentença será lida dentro de duas semanas.
Família na acusação
Tendo como testemunhas de acusação todos os familiares, incluindo a própria mãe - que o entregou à avó com apenas sete anos, em 1982, para que aquela o criasse sozinha - Carlos confessou friamente o crime. "O Benfica jogava naquele dia e não estava bem da cabeça. Tinha bebido a mais e ela não me deu o dinheiro que eu queria", confessou, perante o ar estupefacto do colectivo de juízes, presidido por Francisco Mota Ribeiro que durante mais de uma hora tentou, sem grande eficácia, obter declarações do arguido.
Confissão
Além de balbuciar palavras sem nexo, Carlos só se referiu a todos os jogos do Benfica, que decorreram durante as duas semanas, e as cervejas que bebeu no dia do crime e nos dias seguintes, até ser detido no dia 12 de Novembro, na Casa do Benfica, em Samora Correia, quando a mãe e o irmão mais velho descobriram o corpo da idosa. Recusou também responder às questões que a advogada oficiosa de defesa lhe colocou e admitiu a autoria de apenas cinco das 10 facadas que o corpo de Hermínia apresentava.
Segundo a acusação do MP e que Carlos confirmou ponto a ponto, após dois meses de desemprego e pedidos insistentes de dinheiro à avó para cervejas e tabaco, o arguido não aceitou uma última recusa da avó e, munido de uma faca com 13 centímetros de lamina, desferiu-lhe cortes profundos na zona lombar, no tórax, axila e braço, enquanto a idosa separava fruta na arrecadação. No mesmo local fechou a avó e rumou ao café para assistir ao jogo Benfica-Beira Mar, após roubar o dinheiro que Hermínia possuía em casa. Até ser detido, o arguido justificava a ausência da parente com uma suposta hospitalização.
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